Fim de semana passado foi Páscoa e a tradiçao no mundo inteiro nesta época é comer chocolate. Os shoppings e supermercados são decorados com ovos de pascoa e tudo que se imagina de chocolate. A Bégica, para quem não sabe é mundialmente conhecida por seus chocolates finos e eu, sempre degustei os deliciosos bombons daqui com muito prazer.
Nesta Páscoa entretanto, assisti um programa de tv que me marcou e mudou minha atitude com relacáo a esta tradiçao.
Três anos atrás um jornalista dinamarquês mostrou que o chocolate produzido por grandes empresas alimentícias é proveniente de cacau extraído por crianças em países africanos. Na época, a denuncia foi um escândalo e as gigantes do setor prometeram mudar o cenário.
Hoje vemos na tv daqui vários comerciais onde somos informados que não há mais trabalho infantil na extraçao do cacau e que escolas na África foram construídas, financiadas pelas empresas de chocolate.
Um jornalista belga resolveu ir lá e conferir um por um cada projeto amplamente divulgado aqui. E sabe qual foi o resultado? NENHUM deles existe. As escolas nunca existiram, as crianças continuam sem assistir aula e trabalham todos os dias com o cacau, que é comprado por essas empresas que juram que não compram mais cacau de fontes onde o trabalho infantil existe.
Fiquei tão indignada com a denúncia que tomei uma decisão drástica: a partir daquele dia reduziria meu consumo de chocolates. Sim, eu sei que eu sozinha não vou mudar a situaçao daquelas crianças africanas mas simplesmente não consigo mais comer chocolates sem pensar nelas e no efeito borboleta desencadeado pela minha açao de ir no supermercado e comprar uma barra de chocolate. Quando eu os compro e acredito que se 1% da venda de chocolates diminuir em protesto ao descaso das multinacionais com relaçao ao trabalho infantil, elas vão fazer algo de verdade para tirar as crianças do campo de trabalho.
Escrevi o texto acima quase 1 ano atrás e desde então comi não mais que 2 bombons de chocolate. Continuo firme na ideia de que não basta reclamar, tem que fazer algo. Ainda que este algo pareça nada.